O conceito de multiculturalismo tem grande influência
do relativismo cultural, que questiona a ideia de que os hábitos e costumes de
um grupo poderiam ser superiores a outros. Esta ideia de que as culturas são
diversas e devem ser respeitadas na sua essência, sem existir um certo ou
errado nos costumes, é à base do multiculturalismo que, inicia-se no final do
século XIX nos Estados Unidos com a ação principal do movimento negro para
combater a discriminação racial no país e lutar pelos seus direitos civis. O
Termo segundo Del Priore ( 2014 ) designa tanto um fato( sociedades são
compostas de grupos culturalmente distintos) quanto uma política ( colocada em
funcionamento em níveis diferentes) visando à coexistência pacífica entre grupo
étnica e culturalmente diferentes (...) A política multiculturalista visa, com
efeito, resistir à homogeneidade cultural, sobretudo quando esta homogeneidade
afirma-se como única e legítima, reduzindo outras culturas a particularismos e
dependências.
Segundo SILVA e BRANDIM (2008:56) “Os precursores do
multiculturalismo foram professores, doutores afro-americanos, docentes
universitários na área dos estudos sociais que trouxeram por meio de suas
obras, questões sociais, políticas e culturais de interesse para os afros[1]”.
Esses precursores foram essenciais para que no século XX por meio de novos
intelectuais o tema se voltasse também à educação.
Na década de 90 algumas universidades estadunidenses
aderem ao movimento e que com as pressões populares ganham força e espaço com a
criação de políticas publica em todas as esferas do poder público no que
concerne a oportunidades educacionais iguais aos grupos sociais favorecidos
daquele país.
O pós-modernismo que defende a valorização da
pluralidade cultural no seu discurso curricular ajuda o fortalecimento dos
estudos multiculturais nos anos 80 e 90. Hoje na contemporaneidade o tema é
influenciado pela globalização, com os intercâmbios culturais fala-se de uma
hegemonia cultural o que tem causado problemas sociais. O termo ainda permite
diferentes interpretações e significados. Alguns teóricos consideram que
interculturalismo seria um termo mais apropriado, uma visão cultural em
interação.
Separamos aqui algumas considerações: Segundo McLaren
(1997 apud PANSINI E MENEZES, 2008, P. 35) há pelo menos quatro tendências de
multiculturalismo enquanto projeto político: O multiculturalismo conservador,
multiculturalismo humanista liberal, multiculturalismo liberal de esquerda e
multiculturalismo critico e de resistência, visão esta ultima do qual se diz
partidário o próprio autor.
O multiculturalismo conservador ou empresarial e
aquele que pretender construir uma cultura comum o que faz com que a partir
desse princípio negue a diversidade existente e construída há séculos e que nos
leva a entende sua defesa a uma cultura padrão a branca. Nesse contexto
desmotiva os grupos dominados em suas lutas a seu capital cultural.
Esse tipo de visão conservadora (...) “mesmo quando
reconhece outras culturas assenta-se sempre na incidência, na prioridade a uma
língua normalizada e, portanto, é um multiculturalismo que de fato não permite
que haja um reconhecimento efetivo das outras culturas’’. (SOUZA SANTOS, 2003,
P 12).
“A vertente Humanista liberal por ingenuidade ou
idealismo ressalta a existência de uma igualdade natural entre as diversas
etnias, sem se preocupar em evidenciar a falta de oportunidades iguais em
termos sociais e educacionais” (SILVA E BRADIN, 2008, P.63). Sem levar a risca
a realidade social do sistema econômico capitalista se valendo de seus próprios
argumentos. Fala-se da criação de uma organização econômica mais igualitária
daí dizer que todos somos capazes de competir e vencer no mundo.
O multiculturalismo liberal de esquerda defende a
diversidade cultural, Pansini e Nenevé quando citam McLaren compreendemos que o
fim desse tipo de vertente é se focar mais nas diferenças e respeitá-las
esquecendo-se que elas são formadas nas pessoas pela interação do meio social
em que convivem sendo negativa a tendência a elitizar outros grupos ao mesmo
tempo em que deixa de lado a participação de outros grupos nas discussões
multiculturais.
O multiculturalismo critico ou de resistência é o que
podemos considerar mais voltados aos anseios dos movimentos multiculturais
conforme Silva e Bradim.
Agora vamos fazer uma analise voltada para as
políticas educacionais, nos parâmetros curriculares nacionais – PCN
(BRASIL,1997) consta que o Brasil tem participado de eventos importantes, como
a Conferencia Mundial de Educação para Todos, realizada em Jostiem, na
Tailândia, em 1990, convocada por organizações como a UNESCO, UNICEF e Banco
Mundial”.(SILVA e BRADIM,P. 59, 2008)
Observando um pouco das questões históricas o
movimento negro no Brasil só ganhou força nos anos 50 porque eles tomaram
atitudes eficazes como: fim do isolamento dos movimentos brasileiros em relação
aos movimentos de libertação racial em outros países. Como podemos perceber
muitas ações vem sendo realizadas historicamente, mas, ainda precisamos pensar
e debater muito sobre uma educação verdadeiramente democrática, que inclua a
diversidade cultural, para que este processo aconteça é necessário o
convívio multicultural que implica respeito ao outro, diálogo com os valores do
outro. Fazem-se necessárias e urgentes mudanças nos sistemas
educacionais enquanto espaços monoculturais, através do desenvolvimento de
atitudes, projetos curriculares e ideias pedagógicas, que sejam sensíveis à
emergência do multiculturalismo. Precisamos de profissionais críticos,
reflexivos e humanos. Sendo muito questionadores sobre sua práxis, o que ele
vai ensinar aos seus alunos e como, propor reformas pedagógicas já que ele e o
mediador do conhecimento, ouvindo, incentivando seus alunos que não se sentem e/ou pertence ao padrão
cultural aceito. Para que de fato o respeito à vida humana e diversidade
cultural, as quais são, essenciais para
a construção de um mundo de paz, esteja estruturada na instituição escolar com
uma força maior que nos conduzirá a procedimentos mais abrangentes ruma a
plenitude da justiça social.
Referências Bibliográficas
HEIN,
Ana Catarina Angeloni (org.) Educação e o processo permanente de ação-reflexão:
correntes e perspectivas na construção de práticas inovadoras e inclusivas.
PANSINI,
Flávia, NENEVÉ, Miguel. Educação Multicultural e Formação
Docente.www.curriculosemfronteiras.org/vol8iss1article/pansini_neneve.pdf.
SILVA,
Maria José Albuquerque, BRANDIM, Maria Rejane Lima, Multiculturalismo e
Educação: em defesa da diversidade cultural.
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