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terça-feira, 21 de março de 2017

MULTICULTURALISMO


O conceito de multiculturalismo tem grande influência do relativismo cultural, que questiona a ideia de que os hábitos e costumes de um grupo poderiam ser superiores a outros. Esta ideia de que as culturas são diversas e devem ser respeitadas na sua essência, sem existir um certo ou errado nos costumes, é à base do multiculturalismo que, inicia-se no final do século XIX nos Estados Unidos com a ação principal do movimento negro para combater a discriminação racial no país e lutar pelos seus direitos civis. O Termo segundo Del Priore ( 2014 ) designa tanto um fato( sociedades são compostas de grupos culturalmente distintos) quanto uma política ( colocada em funcionamento em níveis diferentes) visando à coexistência pacífica entre grupo étnica e culturalmente diferentes (...) A política multiculturalista visa, com efeito, resistir à homogeneidade cultural, sobretudo quando esta homogeneidade afirma-se como única e legítima, reduzindo outras culturas a particularismos e dependências.
Segundo SILVA e BRANDIM (2008:56) “Os precursores do multiculturalismo foram professores, doutores afro-americanos, docentes universitários na área dos estudos sociais que trouxeram por meio de suas obras, questões sociais, políticas e culturais de interesse para os afros[1]”. Esses precursores foram essenciais para que no século XX por meio de novos intelectuais o tema se voltasse também à educação.
Na década de 90 algumas universidades estadunidenses aderem ao movimento e que com as pressões populares ganham força e espaço com a criação de políticas publica em todas as esferas do poder público no que concerne a oportunidades educacionais iguais aos grupos sociais favorecidos daquele país.
O pós-modernismo que defende a valorização da pluralidade cultural no seu discurso curricular ajuda o fortalecimento dos estudos multiculturais nos anos 80 e 90. Hoje na contemporaneidade o tema é influenciado pela globalização, com os intercâmbios culturais fala-se de uma hegemonia cultural o que tem causado problemas sociais. O termo ainda permite diferentes interpretações e significados. Alguns teóricos consideram que interculturalismo seria um termo mais apropriado, uma visão cultural em interação.
Separamos aqui algumas considerações: Segundo McLaren (1997 apud PANSINI E MENEZES, 2008, P. 35) há pelo menos quatro tendências de multiculturalismo enquanto projeto político: O multiculturalismo conservador, multiculturalismo humanista liberal, multiculturalismo liberal de esquerda e multiculturalismo critico e de resistência, visão esta ultima do qual se diz partidário o próprio autor.
O multiculturalismo conservador ou empresarial e aquele que pretender construir uma cultura comum o que faz com que a partir desse princípio negue a diversidade existente e construída há séculos e que nos leva a entende sua defesa a uma cultura padrão a branca. Nesse contexto desmotiva os grupos dominados em suas lutas a seu capital cultural.
Esse tipo de visão conservadora (...) “mesmo quando reconhece outras culturas assenta-se sempre na incidência, na prioridade a uma língua normalizada e, portanto, é um multiculturalismo que de fato não permite que haja um reconhecimento efetivo das outras culturas’’. (SOUZA SANTOS, 2003, P 12).
“A vertente Humanista liberal por ingenuidade ou idealismo ressalta a existência de uma igualdade natural entre as diversas etnias, sem se preocupar em evidenciar a falta de oportunidades iguais em termos sociais e educacionais” (SILVA E BRADIN, 2008, P.63). Sem levar a risca a realidade social do sistema econômico capitalista se valendo de seus próprios argumentos. Fala-se da criação de uma organização econômica mais igualitária daí dizer que todos somos capazes de competir e vencer no mundo.
O multiculturalismo liberal de esquerda defende a diversidade cultural, Pansini e Nenevé quando citam McLaren compreendemos que o fim desse tipo de vertente é se focar mais nas diferenças e respeitá-las esquecendo-se que elas são formadas nas pessoas pela interação do meio social em que convivem sendo negativa a tendência a elitizar outros grupos ao mesmo tempo em que deixa de lado a participação de outros grupos nas discussões multiculturais.
O multiculturalismo critico ou de resistência é o que podemos considerar mais voltados aos anseios dos movimentos multiculturais conforme Silva e Bradim.
Agora vamos fazer uma analise voltada para as políticas educacionais, nos parâmetros curriculares nacionais – PCN (BRASIL,1997) consta que o Brasil tem participado de eventos importantes, como a Conferencia Mundial de Educação para Todos, realizada em Jostiem, na Tailândia, em 1990, convocada por organizações como a UNESCO, UNICEF e Banco Mundial”.(SILVA e BRADIM,P. 59, 2008)
Observando um pouco das questões históricas o movimento negro no Brasil só ganhou força nos anos 50 porque eles tomaram atitudes eficazes como: fim do isolamento dos movimentos brasileiros em relação aos movimentos de libertação racial em outros países. Como podemos perceber muitas ações vem sendo realizadas historicamente, mas, ainda precisamos pensar e debater muito sobre uma educação verdadeiramente democrática, que inclua a diversidade cultural,  para que este processo aconteça é necessário o convívio multicultural que implica respeito ao outro, diálogo com os valores do outro.  Fazem-se necessárias e urgentes mudanças nos sistemas educacionais enquanto espaços monoculturais, através do desenvolvimento de atitudes, projetos curriculares e ideias pedagógicas, que sejam sensíveis à emergência do multiculturalismo. Precisamos de profissionais críticos, reflexivos e humanos. Sendo muito questionadores sobre sua práxis, o que ele vai ensinar aos seus alunos e como, propor reformas pedagógicas já que ele e o mediador do conhecimento, ouvindo, incentivando seus alunos  que não se sentem e/ou pertence ao padrão cultural aceito. Para que de fato o respeito à vida humana e diversidade cultural, as quais são,  essenciais para a construção de um mundo de paz, esteja estruturada na instituição escolar com uma força maior que nos conduzirá a procedimentos mais abrangentes ruma a plenitude da justiça social.

Referências Bibliográficas

HEIN, Ana Catarina Angeloni (org.) Educação e o processo permanente de ação-reflexão: correntes e perspectivas na construção de práticas inovadoras e inclusivas.

PANSINI, Flávia, NENEVÉ, Miguel. Educação Multicultural e Formação Docente.www.curriculosemfronteiras.org/vol8iss1article/pansini_neneve.pdf.

SILVA, Maria José Albuquerque, BRANDIM, Maria Rejane Lima, Multiculturalismo e Educação: em defesa da diversidade cultural. 

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