QUAIS SÃO SUAS DIFICULDADES NA EDUCAÇÃO?
Para falarmos das dificuldades que a educação
enfrenta na busca da heterogenia cultural temos que observar as questões da
globalização que estão presentes no nosso dia-a-dia faz parte do nosso mundo desde
que nascemos. Percebamos então que é uma condição sine qua non estar inserido
no mundo globalizado, a educação está ligada ao sistema globalizado, portanto, tornando-se uma educação global, por
fazer parte do macro ambiente mundial (social, político, econômico,
geográfico). Então ela que concebe as visões do mundo, de saberes e de sistema
de valores, tem um enorme desafio histórico na defesa e na preservação da
diversidade cultural, um grande desafio mundial.
Diferenciar é
ter consciência e aceitar que não existem receitas prontas, nem uma única
solução: "é aceitar as incertezas, a flexibilidade, a abertura das
pedagogias ativas que em grande parte são construídas na ação cotidiana, em um
processo que envolve negociação, revisão constante e iniciativa de seus
atores" (ANDRE et all, 2002, p. 22).
Faz-se necessário ter um olhar mais cuidadoso sobre a
diversidade cultural, porque ela é a mais pura tradução das peculiaridades da
existência humana, que passa pelas diferentes formas que assumem as sociedades
ao longo dos tempos e dos espaços, as relações entre povos, culturas,
civilizações, etnias, grupos sociais e indivíduos. Demonstrando assim o grande
desafio não só das práticas pedagógicas, mas das possíveis formas de convivência
que se queira construir, para humanizar-se as relações; na economia, na
política e no saber, nos diferentes quadrantes históricos e geográficos.
A questão é de proporções Macro na cultura educativa
que além de transmitir conhecimentos que se julgam objetivos sobre a realidade,
cuida também de transmitir valores, formas de comportamento, crenças, então o desafio da heterogenia cultural no
campo educativo coloca a necessidade de não considerarmos a escolarização e a
alfabetização como os únicos meios possíveis para dignificar as pessoas. Temos
que considerar e valorizar a aprendizagem fora do contexto escolar, bem como as
tradições orais das demais culturas educativas que também devem ser tomadas como vias válidas
e necessárias, portanto valorizadas. Nessa perspectiva aplicada na educação e
em outros domínios das ciências humanas, refere-se à interação, à
reciprocidade, à interdependência e ao intercâmbio que regem as relações entre
culturas, na compreensão do mundo.
Nessa grande espiral
cultural a educação como transmissora de valores fundamentais, constitui
a essência para imaginar projetos de sociedades viáveis, capazes de garantir a
dignidade de que todos precisamos. Algumas tendências pedagógicas são as
dinâmicas de aprendizagens aplicadas no ensino, à diversidade vem sendo
associada à criatividade, à flexibilidade, à inovação, à adaptabilidade. São
práticas de professores que primam pela diversidade de idéias, novas experiências, abertura estilos de aprendizagem, ritmos,
capacidades, interesses, etc. Mas, cabe ao Estado-nação ficar na vanguarda para
implantar um modelo de currículo que repense, reavalie e amplie o respeito às
diferenças dos alunos, considerando a igualdade de oportunidade, sabemos que
estamos caminhando nesse sentido, veja abaixo um pouca dos nossos avanços
legais regulamentados pelo MEC com relação à cultura indígena.
...A mudança de paradigma na concepção da educação
escolar destinada às sociedades indígenas foi introduzida pela Constituição de
1988, quando a educação deixou de ter o caráter integracionista preconizado
pelo Estatuto do Índio (Lei 6.001/73) e assumiu o princípio do reconhecimento
da diversidade sócio-cultural e lingüística e de sua manutenção. Isto levou a
uma alteração de responsabilidades na condução da oferta de programas
educacionais indígenas. Com o Decreto 26/91, retirou-se a incumbência exclusiva
da Fundação Nacional do Índio em conduzir processos de educação escolar junto
às sociedades indígenas e atribuiu-se ao Ministério da Educação e do Desporto a
coordenação das ações, bem como sua execução aos estados e municípios. Como
conseqüência desse decreto e da Portaria Ministerial 559/91, foram criados, no
MEC, a Coordenação Geral de Apoio às Escolas Indígenas e o Comitê de Educação
Escolar Indígena, assessor dessa instância, inter-institucional e com
representação dos professores índios. O trabalho do MEC pauta-se, desde então,
pelo princípio do reconhecimento da diversidade sociocultural e lingüística das
sociedades indígenas e de sua manutenção. Reconhecendo a necessidade de se
definirem os parâmetros para a atuação das diversas agências, o referido Comitê
elaborou, apoiado em várias experiências inovadoras, na sua maioria, fruto de
trabalhos alternativos de organizações da sociedade civil, as "Diretrizes
para a Política Nacional de Educação Escolar Indígena"(1993). Este
documento, que representa um marco para a educação escolar indígena no Brasil,
estabelece os princípios para a prática pedagógica em contexto de diversidade
cultural...
Também podemos citar também
o acordo na Fronteira Brasil Argentina:
Esse programa visa o desenvolvimento de um modelo de
ensino comum nas escolas de fronteira, garantindo que alunos e professores
tenham a oportunidade de educação e comunicação nas duas línguas – português e
espanhol – por meio do desenvolvimento de um programa intercultural. Criado a
partir de Acordo Bilateral Brasil-Argentina, firmado pelos ministérios da
Educação dos dois paí- ses, no final de 2004, produziu a versão do
“Projeto-piloto” de Educação Bilíngue, iniciando sua prática no ano letivo de
2005 (BRASIL; ARGENTINA, 2008, p. 7-9).
Precisamos com urgência rever os estereótipos que são
bem cristalizados em uma pratica muito comum na escola, como as datas
comemorativas que por muitas vezes carregam questões folclóricas não
condizentes com a realidade e fomenta
desigualdade de poder entre culturas
diversas.
Referência
Bibliográfica
ANDRÉ, Marli (Org.) et all.
Pedagogia das diferenças na sala de aula. 5. ed. Campinas, SP: Papirus, 2004.
BRASIL; ARGENTINA.
Ministério da Educação; Ministerio de Educación, Ciencia y Tecnología. Escolas
de Fronteira – Programa Escolas Bilíngües de Fronteiras (PEBF). Brasília;
Buenos Aires, mar. 2008. BRASIL.
.
HEIN,
Ana Catarina Angeloni (org.) Educação e o processo permanente de ação-reflexão:
correntes e perspectivas na construção de práticas inovadoras e inclusivas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário