VOZES FEMININAS

quarta-feira, 22 de março de 2017

HETEROGENIA CULTURAL

QUAIS SÃO SUAS DIFICULDADES NA EDUCAÇÃO?




Para falarmos das dificuldades que a educação enfrenta na busca da heterogenia cultural temos que observar as questões da globalização que estão presentes no nosso dia-a-dia faz parte do nosso mundo desde que nascemos. Percebamos então que é uma condição sine qua non estar inserido no mundo globalizado, a educação está ligada ao sistema globalizado,  portanto, tornando-se uma educação global, por fazer parte do macro ambiente mundial (social, político, econômico, geográfico). Então ela que concebe as visões do mundo, de saberes e de sistema de valores, tem um enorme desafio histórico na defesa e na preservação da diversidade cultural, um grande desafio mundial.

 Diferenciar é ter consciência e aceitar que não existem receitas prontas, nem uma única solução: "é aceitar as incertezas, a flexibilidade, a abertura das pedagogias ativas que em grande parte são construídas na ação cotidiana, em um processo que envolve negociação, revisão constante e iniciativa de seus atores" (ANDRE et all, 2002, p. 22).


Faz-se necessário ter um olhar mais cuidadoso sobre a diversidade cultural, porque ela é a mais pura tradução das peculiaridades da existência humana, que passa pelas diferentes formas que assumem as sociedades ao longo dos tempos e dos espaços, as relações entre povos, culturas, civilizações, etnias, grupos sociais e indivíduos. Demonstrando assim o grande desafio não só das práticas pedagógicas, mas das possíveis formas de convivência que se queira construir, para humanizar-se as relações; na economia, na política e no saber, nos diferentes quadrantes históricos e geográficos.
A questão é de proporções Macro na cultura educativa que além de transmitir conhecimentos que se julgam objetivos sobre a realidade, cuida também de transmitir valores, formas de comportamento, crenças,  então o desafio da heterogenia cultural no campo educativo coloca a necessidade de não considerarmos a escolarização e a alfabetização como os únicos meios possíveis para dignificar as pessoas. Temos que considerar e valorizar a aprendizagem fora do contexto escolar, bem como as tradições orais das demais culturas educativas  que também devem ser tomadas como vias válidas e necessárias, portanto valorizadas. Nessa perspectiva aplicada na educação e em outros domínios das ciências humanas, refere-se à interação, à reciprocidade, à interdependência e ao intercâmbio que regem as relações entre culturas, na compreensão do mundo.
Nessa grande espiral  cultural a educação como transmissora de valores fundamentais, constitui a essência para imaginar projetos de sociedades viáveis, capazes de garantir a dignidade de que todos precisamos. Algumas tendências pedagógicas são as dinâmicas de aprendizagens aplicadas no ensino, à diversidade vem sendo associada à criatividade, à flexibilidade, à inovação, à adaptabilidade. São práticas de professores que primam pela diversidade de idéias,  novas experiências,  abertura estilos de aprendizagem, ritmos, capacidades, interesses, etc. Mas, cabe ao Estado-nação ficar na vanguarda para implantar um modelo de currículo que  repense, reavalie e amplie o respeito às diferenças dos alunos, considerando a igualdade de oportunidade, sabemos que estamos caminhando nesse sentido, veja abaixo um pouca dos nossos avanços legais regulamentados pelo MEC com relação à cultura indígena.


...A mudança de paradigma na concepção da educação escolar destinada às sociedades indígenas foi introduzida pela Constituição de 1988, quando a educação deixou de ter o caráter integracionista preconizado pelo Estatuto do Índio (Lei 6.001/73) e assumiu o princípio do reconhecimento da diversidade sócio-cultural e lingüística e de sua manutenção. Isto levou a uma alteração de responsabilidades na condução da oferta de programas educacionais indígenas. Com o Decreto 26/91, retirou-se a incumbência exclusiva da Fundação Nacional do Índio em conduzir processos de educação escolar junto às sociedades indígenas e atribuiu-se ao Ministério da Educação e do Desporto a coordenação das ações, bem como sua execução aos estados e municípios. Como conseqüência desse decreto e da Portaria Ministerial 559/91, foram criados, no MEC, a Coordenação Geral de Apoio às Escolas Indígenas e o Comitê de Educação Escolar Indígena, assessor dessa instância, inter-institucional e com representação dos professores índios. O trabalho do MEC pauta-se, desde então, pelo princípio do reconhecimento da diversidade sociocultural e lingüística das sociedades indígenas e de sua manutenção. Reconhecendo a necessidade de se definirem os parâmetros para a atuação das diversas agências, o referido Comitê elaborou, apoiado em várias experiências inovadoras, na sua maioria, fruto de trabalhos alternativos de organizações da sociedade civil, as "Diretrizes para a Política Nacional de Educação Escolar Indígena"(1993). Este documento, que representa um marco para a educação escolar indígena no Brasil, estabelece os princípios para a prática pedagógica em contexto de diversidade cultural...

Também podemos citar também o acordo na Fronteira Brasil Argentina:

Esse programa visa o desenvolvimento de um modelo de ensino comum nas escolas de fronteira, garantindo que alunos e professores tenham a oportunidade de educação e comunicação nas duas línguas – português e espanhol – por meio do desenvolvimento de um programa intercultural. Criado a partir de Acordo Bilateral Brasil-Argentina, firmado pelos ministérios da Educação dos dois paí- ses, no final de 2004, produziu a versão do “Projeto-piloto” de Educação Bilíngue, iniciando sua prática no ano letivo de 2005 (BRASIL; ARGENTINA, 2008, p. 7-9).



Precisamos com urgência rever os estereótipos que são bem cristalizados em uma pratica muito comum na escola, como as datas comemorativas que por muitas vezes carregam questões folclóricas não condizentes com a realidade  e fomenta desigualdade  de poder entre culturas diversas. 



 Referência Bibliográfica

ANDRÉ, Marli (Org.) et all. Pedagogia das diferenças na sala de aula. 5. ed. Campinas, SP: Papirus, 2004.


BRASIL; ARGENTINA. Ministério da Educação; Ministerio de Educación, Ciencia y Tecnología. Escolas de Fronteira – Programa Escolas Bilíngües de Fronteiras (PEBF). Brasília; Buenos Aires, mar. 2008. BRASIL.

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HEIN, Ana Catarina Angeloni (org.) Educação e o processo permanente de ação-reflexão: correntes e perspectivas na construção de práticas inovadoras e inclusivas.

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