VOZES FEMININAS

segunda-feira, 27 de março de 2017

PROJETO TÚNEL DO TEMPO UMA VIAGEM ATRAVÉS DA ARTE DE SER HUMANO!


Aqui está a tradução em forma de Projeto anual revelando as peculiaridades dos alunos do 2º ano A fundamental I  que, vem em uma velocidade estimulante expondo sua curiosidade e interesse para, desvendar diversos assuntos trabalhados no cotidiano escolar.

A finalidade desse projeto é que todos  possa desfrutar dessa viagem , a qual, faz uma deliciosa proposta: Ativar e reativar elementos sacramentados pela evolução dentro das áreas citadas, bem como também, de acordo com o momento cognitivo da turma, propor indagações sobre algumas ações humanas, provocando assim elaborações no campo da subjetividade. 
Esse túnel promete grandes surpresas e revelações! Vamos aguardar o desenvolvimento de cada etapa ao longo desses meses....!




domingo, 26 de março de 2017

PROJETO –TÚNEL DO TEMPO

UMA VIAGEM ATRAVÉS DA ARTE DE SER HUMANO!


                                              A condição humana deveria ser o objeto essencial de todo o ensino. Conhecer o humano é, antes de mais nada, situá-lo no universo, e não separá-lo dele. Todo conhecimento deve contextualizar seu objeto, para ser pertinente. “Quem somos?” é inseparável de “Onde estamos”, “De onde viemos” e, “Para onde vamos?” (MORIN, cap..III)
 JUSTIFICATIVA
 Sabemos que as questões que envolvem a evolução telúrica  despertam muito interesse e curiosidade em todas as fases da vida, fascínio e velocidade? Sabemos que  a evolução ocorre em uma escala de tempo infinitamente maior do que o tempo de existência de qualquer espécie de ser vivo, seja ele um inseto que dure algumas semanas, uma árvore que tenha 400 anos ou seres humanos que tem, quase sempre, menos de um século de vida. E é quase com a mesma rapidez que, a curiosidade das crianças é demonstrada nos diversos momentos vividos no ambiente escolar.
Durante uma conversa pedagógica dos professores da turma do 2º ano A, notou-se essa curiosidade e fascínio sobre os assuntos propostos em aula. A arte rupestre, a evolução da espécie humana e as potencialidades físicas foram assuntos que evocaram e aguçaram o poder investigativo da turma.  
Para corroborar com essa curiosidade investigativa a proposta é  que, a ciência Humana dialogue com as ciências da natureza e suas tecnologias para que juntas forneçam mecanismos de percepção, visualização, criatividade e elaboração para sanar muitas perguntas e indagações pertinentes à idade, objetivando que  descubram suas verdades com autonomia o que nos parece  muito nato, pois sabemos que o conhecimento do meio é basilar  para a sobrevivência.
 O objetivo da educação, portanto, não consistirá na transmissão de verdades, informações, demonstrações, modelos etc., e sim em que o aluno aprenda, por si próprio, a conquistar essas verdades, mesmo que tenha de realizar todos os tateios pressupostos por qualquer atividade real. Autonomia intelectual será assegurada pelo desenvolvimento da personalidade e pela aquisição de instrumental lógico-racional. A educação deverá visar que cada aluno chegue a essa autonomia (MIZUKAMI, 1986, p.71). 
 Para ilustrar um pouco mais as indagações humanas acerca da evolução recorremos ao antropólogo americano Loren Eiseley que, era também poeta, e escreveu um ensaio chamado “Por que estamos aqui”, onde ele descrevia a angustia do ser humano para descobrir a sua origem. Em um diálogo com a ciência, este ser humano indagador ouviu:

 “... Você é uma criança trocada. Está ligado, por uma cadeia genética, a todos os vertebrados. A questão é que você carrega no corpo e no cérebro as feridas ainda doloridas da evolução. Suas mãos são nadadeiras reformadas, seus pulmões vem de uma criatura que arfava num pântano, seu fêmur foi aprumado à força. Seu pé é uma pata trepadora remodelada. Você é uma boneca de trapo recosturada com a pele de animais extintos. Muito tempo atrás, 2 milhões de anos talvez, você era menor, seu cérebro não era tão grande. Não temos certeza de que era capaz de falar. Setenta milhões antes disso, era uma criatura trepadora ainda menor, conhecida como tupaídeo. Tinha o tamanho de um rato. Comia insetos. Agora voa até a Lua.”(Eiseley)

Objetivo Geral:
ü      Criar vivências que possibilitem aos alunos compreensão de questões objetivas e subjetivas que envolvem o percurso da evolução humana.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

ü      Compreender que o conhecimento científico é uma atividade humana em permanente construção;

ü      Reconhecer semelhanças e diferenças nos modos que diferentes grupos sociais se apropriam da natureza e a transformam;

ü      Problematizar a historicidade de algumas práticas culturais, familiares e escolares no presente e no passado;

ü      A infância hoje e ontem (brinquedos e brincadeiras, práticas escolares), utilizando as cantigas e brincadeiras de roda para desenvolver a oralidade, expressão corporal, orientação espacial e motricidade;

ü      Propiciar momentos para o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética através das diversas linguagens da arte como um meio de comunicação, de transformação social (ontem e hoje), de integração ao grupo, de conhecimento próprio  e de acesso à cultura.

Publico alvo
  • Alunos do 2º ano A

Duração do projeto
  • Sete meses

Profissionais envolvidos
  • Professora regente de sala;
  • Professora de arte;
  • Professora de Educação física.

 Disciplinas:
         ARTE
         CIÊNCIAS;
         EDUCAÇÃO FÍSCIA;
         GEOGRAFIA;
         HISTÓRIA.

Conteúdos:.     
  • Arte: Arte rupestre: vestimenta, instrumentos, ferramentas, alimentação, costumes, desenhos e moradia;
  • Ciências: A natureza e suas transformações; Os seres vivos e seus ambientes; Fases da vida e as diferentes características do corpo humano.
  • Educação física: Um livro chamado brinquedo; Na ciranda, na roda, no palco da dança folclórica; Desafiando os limites corporais.
  • Geografia: As transformações nas moradias e nas paisagens; Meios e sistemas de transporte.
  • História: Memória e infância; Transformações; Nossas heranças indígenas e Africanas; Meios de comunicação. 
Metodologia:
Utilização de diferentes gêneros textuais que abordem o conteúdo (narrativo, relato, expositivo e argumentativo).
         Produção de textos coletivos;
         Confecção de esculturas de argila;
         Exercícios de percepção corporal

Recursos didáticos:
         Recursos midiáticos (máquina fotográfica, filmadora, celular, microfone, caixa amplificadora, data show, rádio, TV, DVD  dentre outros).

         Filmes, livros de literatura, jornais, vídeos.

Produto final:
    Construção coletiva de um túnel físico que abrigue as elaborações construídas pela turma, transformando-se em ação viva através da expressão corporal, plástica e teatral.

          CD com as etapas do processo e a elaboração artística.

Avaliação
Será realizado em toda etapa de seu desenvolvimento através da observação e registros dos professores, permitindo assim planejar e replanejar as demais etapas, a fim de documentar os progressos de desenvolvimento das crianças, suas habilidades e competências adquiridas durante o projeto.

Considerações finais
Uma viagem pelo túnel do tempo, o qual só é possível pelo incrível poder que o Homem tem de perpetuar seus registros históricos sacramentando que, a cada problema colocado pela natureza, o Homem respondeu com a sua inteligência, sensibilidade, talento e espírito criador, encontrando soluções que lhe asseguram hipóteses de sobrevivência física e cultural, sejam quais forem às modificações. A contemporaneidade nos trouxe uma evolução mais cultural que física, o que é uma vantagem que assegura um progresso veloz  em nossa linha evolutiva.

Anexo
Material de apoio em uso

Referências Bibliográficas

BONILLA, Maria Helena Silveira. Escola aprendente: para além da sociedade da informação. Rio de Janeiro: Quartet, 2005.

KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: O novo ritmo da informação – Campinas. SP: Papirus, 2007.

MIZUKAMI, M.G.N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.
Vídeos

Morin, Edgar, 1921- Os sete saberes necessários à educação do futuro / Edgar Morin ; tradução de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya ; revisão técnica de Edgard de Assis Carvalho. – 2. ed. – São Paulo : Cortez ; Brasília, DF : UNESCO, 2000. Disponível  em pdf.


 ANEXOS



Vídeos
  • Era uma vez o Homem – diversos episódios

  • Lolo Barnabé

  • A origem dos jogos e brincadeiras

  • Rupi o menino das cavernas

  • Do átomo ao universo

Livros
 








REVISTAS











quinta-feira, 23 de março de 2017

AS PRINCIPAIS CORRENTES PEDAGÓGICAS

A FORMAÇÃO DO FORMADOR!

A evolução da pedagogia no decorrer da história vem superando e enfrentando desafios na sociedade do conhecimento por personalidades nacional e internacional que não mediram esforços e muitos estudos sobre a questão que envolvem as tendências pedagógicas para atingir objetivos educacionais, podemos observar na história da pedagogia que autores como Paulo Freire, Luckesi, Libâneo, Saviani, Gadotti, McLuhan, Fritjof Capra e Jürgen Habermas entre outros, dedicaram grande parte de suas vidas a estudos que pudessem contribuir para o avanço da Educação, desenvolvendo teorias para nortear as práticas pedagógicas, objetivando melhorar a qualidade do ensino que é aplicado nas escolas.
Vamos observar a ideologia dos professores Saviani e Libâneo que propõem a reflexão sobre as tendências pedagógicas. Mostrando que as principais tendências pedagógicas usadas na educação brasileira se dividem em duas grandes linhas de pensamento pedagógico. Elas são: Tendências Liberais e Tendências Progressistas. A liberal acredita que a escola tem a função de preparar os indivíduos para desempenhar papéis sociais, baseadas nas aptidões individuais. Dessa forma, o indivíduo deve adaptar-se aos valores e normas da sociedade de classe, desenvolvendo sua cultura individual. Com isso as diferenças entre as  classes sociais não são consideradas, já que, a escola não leva em consideração as desigualdades sociais. Existem quatro tendências pedagógicas liberais: A tradicional que foi a primeira a ser instituída no Brasil por motivos históricos. Nesta tendência o professor é a figura central e o aluno é um receptor passivo dos conhecimentos considerados como verdades absolutas. Há repetição de exercícios com exigência de memorização; a renovadora progressiva  que por razões de recomposição da hegemonia da burguesia, esta foi à próxima tendência a aparecer no cenário da educação brasileira. Caracteriza-se por centralizar no aluno, considerado como ser ativo e curioso. Dispõe da ideia que ele “só irá aprender fazendo”, valorizam-se as tentativas experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural e social. Aprender se torna uma atividade de descoberta, é uma autoaprendizagem. O professor é um facilitador; A   renovadora não diretiva (Escola Nova) – Anísio Teixeira foi o grande pioneiro da Escola Nova no Brasil. É um método centrado no aluno. A escola tem o papel de formadora de atitudes, preocupando-se mais com a parte psicológica do que com a social ou pedagógica. E para aprender tem que estar significativamente ligado com suas percepções, modificando-as; E a quarta a tecnicista, Skinner foi o expoente principal dessa corrente psicológica, também conhecida como behaviorista. Neste método de ensino o aluno é visto como depositário passivo dos conhecimentos, que devem ser acumulados na mente através de associações. O professor é quem deposita os conhecimentos, pois ele é visto como um especialista na aplicação de manuais; sendo sua prática extremamente controlada. Articula-se diretamente com o sistema produtivo, com o objetivo de aperfeiçoar a ordem social vigente, que é o capitalismo, formando mão de obra especializada para o mercado de trabalho.
Agora quanto à    tendências progressistas que partem de uma análise crítica das realidades sociais, sustentam implicitamente as finalidades sóciopolíticas da educação e é uma tendência que não condiz com as ideias implantadas pelo capitalismo. O desenvolvimento e popularização da análise marxista da sociedade possibilitou o desenvolvimento da tendência progressista, que se ramifica em três correntes: A libertadora que também conhecida como a pedagogia de Paulo Freire, essa tendência vincula a educação à luta e organização de classe do oprimido. Onde, para esse, o saber mais importante é a de que ele é oprimido, ou seja, ter uma consciência da realidade em que vive. Além da busca pela transformação social, a condição de se libertar através da elaboração da consciência crítica passo a passo com sua organização de classe. Centraliza-se na discussão de temas sociais e políticos; o professor coordena atividades e atua juntamente com os alunos; A libertária que procura a transformação da personalidade num sentido libertário e autogestionário. Parte do pressuposto de que somente o vivido pelo educando é incorporado e utilizado em situações novas, por isso o saber sistematizado só terá relevância se for possível seu uso prático. Enfoca a livre expressão, o contexto cultural, a educação estética. Os conteúdos, apesar de disponibilizados, não são exigidos pelos alunos e o professor é tido como um conselheiro à disposição do aluno; A  "Crítico-social dos conteúdos” ou "Histórico-Crítica" que tendência que apareceu no Brasil nos fins dos anos 70, acentua a prioridade de focar os conteúdos no seu confronto com as realidades sociais, é necessário enfatizar o conhecimento histórico. Prepara o aluno para o mundo adulto, com participação organizada e ativa na democratização da sociedade; por meio da aquisição de conteúdos e da socialização. É o mediador entre conteúdos e alunos. O ensino/aprendizagem tem como centro o aluno. Os conhecimentos são construídos pela experiência pessoal e subjetiva.
Não podemos deixar de registrar que após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96), ideias como de Piaget, Vygotsky e Wallon foram muito difundidas, tendo uma perspectiva sócio-histórica e são interacionistas, isto é, acreditam que o conhecimento se dá pela interação entre o sujeito e um objeto, e essas ideias desses grandes mestres contribuíram e contribuem com as correntes pedagógicas atuais.
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Referências bibliográficas:
HEIN, Ana Catarina Angeloni (org.) Educação e o processo permanente de ação-reflexão: correntes e perspectivas na construção de práticas inovadoras e inclusivas.

LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública:  a pedagogia crítica-social dos conteúdos. 8. ed. São Paulo: Loyola, 1989.
SAVIANI. Dermeval. Escola e democracia. 31 ed. Campinas: Autores Associados, 1997.

quarta-feira, 22 de março de 2017

HETEROGENIA CULTURAL

QUAIS SÃO SUAS DIFICULDADES NA EDUCAÇÃO?




Para falarmos das dificuldades que a educação enfrenta na busca da heterogenia cultural temos que observar as questões da globalização que estão presentes no nosso dia-a-dia faz parte do nosso mundo desde que nascemos. Percebamos então que é uma condição sine qua non estar inserido no mundo globalizado, a educação está ligada ao sistema globalizado,  portanto, tornando-se uma educação global, por fazer parte do macro ambiente mundial (social, político, econômico, geográfico). Então ela que concebe as visões do mundo, de saberes e de sistema de valores, tem um enorme desafio histórico na defesa e na preservação da diversidade cultural, um grande desafio mundial.

 Diferenciar é ter consciência e aceitar que não existem receitas prontas, nem uma única solução: "é aceitar as incertezas, a flexibilidade, a abertura das pedagogias ativas que em grande parte são construídas na ação cotidiana, em um processo que envolve negociação, revisão constante e iniciativa de seus atores" (ANDRE et all, 2002, p. 22).


Faz-se necessário ter um olhar mais cuidadoso sobre a diversidade cultural, porque ela é a mais pura tradução das peculiaridades da existência humana, que passa pelas diferentes formas que assumem as sociedades ao longo dos tempos e dos espaços, as relações entre povos, culturas, civilizações, etnias, grupos sociais e indivíduos. Demonstrando assim o grande desafio não só das práticas pedagógicas, mas das possíveis formas de convivência que se queira construir, para humanizar-se as relações; na economia, na política e no saber, nos diferentes quadrantes históricos e geográficos.
A questão é de proporções Macro na cultura educativa que além de transmitir conhecimentos que se julgam objetivos sobre a realidade, cuida também de transmitir valores, formas de comportamento, crenças,  então o desafio da heterogenia cultural no campo educativo coloca a necessidade de não considerarmos a escolarização e a alfabetização como os únicos meios possíveis para dignificar as pessoas. Temos que considerar e valorizar a aprendizagem fora do contexto escolar, bem como as tradições orais das demais culturas educativas  que também devem ser tomadas como vias válidas e necessárias, portanto valorizadas. Nessa perspectiva aplicada na educação e em outros domínios das ciências humanas, refere-se à interação, à reciprocidade, à interdependência e ao intercâmbio que regem as relações entre culturas, na compreensão do mundo.
Nessa grande espiral  cultural a educação como transmissora de valores fundamentais, constitui a essência para imaginar projetos de sociedades viáveis, capazes de garantir a dignidade de que todos precisamos. Algumas tendências pedagógicas são as dinâmicas de aprendizagens aplicadas no ensino, à diversidade vem sendo associada à criatividade, à flexibilidade, à inovação, à adaptabilidade. São práticas de professores que primam pela diversidade de idéias,  novas experiências,  abertura estilos de aprendizagem, ritmos, capacidades, interesses, etc. Mas, cabe ao Estado-nação ficar na vanguarda para implantar um modelo de currículo que  repense, reavalie e amplie o respeito às diferenças dos alunos, considerando a igualdade de oportunidade, sabemos que estamos caminhando nesse sentido, veja abaixo um pouca dos nossos avanços legais regulamentados pelo MEC com relação à cultura indígena.


...A mudança de paradigma na concepção da educação escolar destinada às sociedades indígenas foi introduzida pela Constituição de 1988, quando a educação deixou de ter o caráter integracionista preconizado pelo Estatuto do Índio (Lei 6.001/73) e assumiu o princípio do reconhecimento da diversidade sócio-cultural e lingüística e de sua manutenção. Isto levou a uma alteração de responsabilidades na condução da oferta de programas educacionais indígenas. Com o Decreto 26/91, retirou-se a incumbência exclusiva da Fundação Nacional do Índio em conduzir processos de educação escolar junto às sociedades indígenas e atribuiu-se ao Ministério da Educação e do Desporto a coordenação das ações, bem como sua execução aos estados e municípios. Como conseqüência desse decreto e da Portaria Ministerial 559/91, foram criados, no MEC, a Coordenação Geral de Apoio às Escolas Indígenas e o Comitê de Educação Escolar Indígena, assessor dessa instância, inter-institucional e com representação dos professores índios. O trabalho do MEC pauta-se, desde então, pelo princípio do reconhecimento da diversidade sociocultural e lingüística das sociedades indígenas e de sua manutenção. Reconhecendo a necessidade de se definirem os parâmetros para a atuação das diversas agências, o referido Comitê elaborou, apoiado em várias experiências inovadoras, na sua maioria, fruto de trabalhos alternativos de organizações da sociedade civil, as "Diretrizes para a Política Nacional de Educação Escolar Indígena"(1993). Este documento, que representa um marco para a educação escolar indígena no Brasil, estabelece os princípios para a prática pedagógica em contexto de diversidade cultural...

Também podemos citar também o acordo na Fronteira Brasil Argentina:

Esse programa visa o desenvolvimento de um modelo de ensino comum nas escolas de fronteira, garantindo que alunos e professores tenham a oportunidade de educação e comunicação nas duas línguas – português e espanhol – por meio do desenvolvimento de um programa intercultural. Criado a partir de Acordo Bilateral Brasil-Argentina, firmado pelos ministérios da Educação dos dois paí- ses, no final de 2004, produziu a versão do “Projeto-piloto” de Educação Bilíngue, iniciando sua prática no ano letivo de 2005 (BRASIL; ARGENTINA, 2008, p. 7-9).



Precisamos com urgência rever os estereótipos que são bem cristalizados em uma pratica muito comum na escola, como as datas comemorativas que por muitas vezes carregam questões folclóricas não condizentes com a realidade  e fomenta desigualdade  de poder entre culturas diversas. 



 Referência Bibliográfica

ANDRÉ, Marli (Org.) et all. Pedagogia das diferenças na sala de aula. 5. ed. Campinas, SP: Papirus, 2004.


BRASIL; ARGENTINA. Ministério da Educação; Ministerio de Educación, Ciencia y Tecnología. Escolas de Fronteira – Programa Escolas Bilíngües de Fronteiras (PEBF). Brasília; Buenos Aires, mar. 2008. BRASIL.

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HEIN, Ana Catarina Angeloni (org.) Educação e o processo permanente de ação-reflexão: correntes e perspectivas na construção de práticas inovadoras e inclusivas.

terça-feira, 21 de março de 2017

MULTICULTURALISMO


O conceito de multiculturalismo tem grande influência do relativismo cultural, que questiona a ideia de que os hábitos e costumes de um grupo poderiam ser superiores a outros. Esta ideia de que as culturas são diversas e devem ser respeitadas na sua essência, sem existir um certo ou errado nos costumes, é à base do multiculturalismo que, inicia-se no final do século XIX nos Estados Unidos com a ação principal do movimento negro para combater a discriminação racial no país e lutar pelos seus direitos civis. O Termo segundo Del Priore ( 2014 ) designa tanto um fato( sociedades são compostas de grupos culturalmente distintos) quanto uma política ( colocada em funcionamento em níveis diferentes) visando à coexistência pacífica entre grupo étnica e culturalmente diferentes (...) A política multiculturalista visa, com efeito, resistir à homogeneidade cultural, sobretudo quando esta homogeneidade afirma-se como única e legítima, reduzindo outras culturas a particularismos e dependências.
Segundo SILVA e BRANDIM (2008:56) “Os precursores do multiculturalismo foram professores, doutores afro-americanos, docentes universitários na área dos estudos sociais que trouxeram por meio de suas obras, questões sociais, políticas e culturais de interesse para os afros[1]”. Esses precursores foram essenciais para que no século XX por meio de novos intelectuais o tema se voltasse também à educação.
Na década de 90 algumas universidades estadunidenses aderem ao movimento e que com as pressões populares ganham força e espaço com a criação de políticas publica em todas as esferas do poder público no que concerne a oportunidades educacionais iguais aos grupos sociais favorecidos daquele país.
O pós-modernismo que defende a valorização da pluralidade cultural no seu discurso curricular ajuda o fortalecimento dos estudos multiculturais nos anos 80 e 90. Hoje na contemporaneidade o tema é influenciado pela globalização, com os intercâmbios culturais fala-se de uma hegemonia cultural o que tem causado problemas sociais. O termo ainda permite diferentes interpretações e significados. Alguns teóricos consideram que interculturalismo seria um termo mais apropriado, uma visão cultural em interação.
Separamos aqui algumas considerações: Segundo McLaren (1997 apud PANSINI E MENEZES, 2008, P. 35) há pelo menos quatro tendências de multiculturalismo enquanto projeto político: O multiculturalismo conservador, multiculturalismo humanista liberal, multiculturalismo liberal de esquerda e multiculturalismo critico e de resistência, visão esta ultima do qual se diz partidário o próprio autor.
O multiculturalismo conservador ou empresarial e aquele que pretender construir uma cultura comum o que faz com que a partir desse princípio negue a diversidade existente e construída há séculos e que nos leva a entende sua defesa a uma cultura padrão a branca. Nesse contexto desmotiva os grupos dominados em suas lutas a seu capital cultural.
Esse tipo de visão conservadora (...) “mesmo quando reconhece outras culturas assenta-se sempre na incidência, na prioridade a uma língua normalizada e, portanto, é um multiculturalismo que de fato não permite que haja um reconhecimento efetivo das outras culturas’’. (SOUZA SANTOS, 2003, P 12).
“A vertente Humanista liberal por ingenuidade ou idealismo ressalta a existência de uma igualdade natural entre as diversas etnias, sem se preocupar em evidenciar a falta de oportunidades iguais em termos sociais e educacionais” (SILVA E BRADIN, 2008, P.63). Sem levar a risca a realidade social do sistema econômico capitalista se valendo de seus próprios argumentos. Fala-se da criação de uma organização econômica mais igualitária daí dizer que todos somos capazes de competir e vencer no mundo.
O multiculturalismo liberal de esquerda defende a diversidade cultural, Pansini e Nenevé quando citam McLaren compreendemos que o fim desse tipo de vertente é se focar mais nas diferenças e respeitá-las esquecendo-se que elas são formadas nas pessoas pela interação do meio social em que convivem sendo negativa a tendência a elitizar outros grupos ao mesmo tempo em que deixa de lado a participação de outros grupos nas discussões multiculturais.
O multiculturalismo critico ou de resistência é o que podemos considerar mais voltados aos anseios dos movimentos multiculturais conforme Silva e Bradim.
Agora vamos fazer uma analise voltada para as políticas educacionais, nos parâmetros curriculares nacionais – PCN (BRASIL,1997) consta que o Brasil tem participado de eventos importantes, como a Conferencia Mundial de Educação para Todos, realizada em Jostiem, na Tailândia, em 1990, convocada por organizações como a UNESCO, UNICEF e Banco Mundial”.(SILVA e BRADIM,P. 59, 2008)
Observando um pouco das questões históricas o movimento negro no Brasil só ganhou força nos anos 50 porque eles tomaram atitudes eficazes como: fim do isolamento dos movimentos brasileiros em relação aos movimentos de libertação racial em outros países. Como podemos perceber muitas ações vem sendo realizadas historicamente, mas, ainda precisamos pensar e debater muito sobre uma educação verdadeiramente democrática, que inclua a diversidade cultural,  para que este processo aconteça é necessário o convívio multicultural que implica respeito ao outro, diálogo com os valores do outro.  Fazem-se necessárias e urgentes mudanças nos sistemas educacionais enquanto espaços monoculturais, através do desenvolvimento de atitudes, projetos curriculares e ideias pedagógicas, que sejam sensíveis à emergência do multiculturalismo. Precisamos de profissionais críticos, reflexivos e humanos. Sendo muito questionadores sobre sua práxis, o que ele vai ensinar aos seus alunos e como, propor reformas pedagógicas já que ele e o mediador do conhecimento, ouvindo, incentivando seus alunos  que não se sentem e/ou pertence ao padrão cultural aceito. Para que de fato o respeito à vida humana e diversidade cultural, as quais são,  essenciais para a construção de um mundo de paz, esteja estruturada na instituição escolar com uma força maior que nos conduzirá a procedimentos mais abrangentes ruma a plenitude da justiça social.

Referências Bibliográficas

HEIN, Ana Catarina Angeloni (org.) Educação e o processo permanente de ação-reflexão: correntes e perspectivas na construção de práticas inovadoras e inclusivas.

PANSINI, Flávia, NENEVÉ, Miguel. Educação Multicultural e Formação Docente.www.curriculosemfronteiras.org/vol8iss1article/pansini_neneve.pdf.

SILVA, Maria José Albuquerque, BRANDIM, Maria Rejane Lima, Multiculturalismo e Educação: em defesa da diversidade cultural. 

A ATUAL CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA NA EDUCAÇÃO

UMA BOA PARCERIA



Na era contemporânea a contribuição científica da psicologia  é de fundamental importância no ambiente escolar, pois, se o papel do professor é ensinar e o do aluno é aprender, a psicologia da aprendizagem tenta contribuir como uma ponte, para que este processo, que nós chamamos de ato pedagógico, tenha êxito. Podemos notar então que a psicologia contribui para otimização das relações entre professores, alunos e demais elementos que interagem na educação, na medida em que propicia uma visão mais abrangente dos processos de aprendizagem que se passam no contexto educacional. Assim, partindo-se da psicologia, surgem novos caminhos para a compreensão dos fatos do cotidiano educacional, possibilitando uma reflexão conjunta e, consequentemente, o levantamento de hipóteses e estratégias que venham a sanar as dificuldades emergentes.
Atualmente, a Psicologia da Educação é considerada um ramo tanto da Psicologia como da Educação e caracteriza-se como uma área de investigação dos problemas e fenômenos educacionais, a partir de um entendimento psicológico (MIALARET, 1999). O objetivo da Psicologia da Educação é o estudo dos aspectos das várias situações da educação, sob o ponto de vista psicológico e também das relações existentes entre as situações educacionais e os vários motivos que as determinam. Seu domínio é composto pela análise psicológica de todos os aspectos da realidade educativa e não somente a aplicação da psicologia à educação.
 Essa ciência necessita dentro da área educacional desenvolver  seu trabalho em conjunto com os educadores de forma a tornar o processo de aprendizagem mais efetivo e significativo para o educando, principalmente no que diz respeito à motivação e às dificuldades de aprendizagem. Focam a sua ação não apenas nas necessidades da criança na escola como, também, noutras áreas onde as experiências escolares têm impacto.
Segundo Meira, Antunes et al (2003), quando se unem profissionais de campos específicos do saber, o diálogo não se estabelece com a mesma facilidade. Quando se trata de defender seus campos de atuação, a relação entre esses se torna tensa. A integração torna-se possível quando ambos contatam que estão enfrentando o mesmo problema e passam a identificar as contribuições de cada um e de seus saberes na busca de soluções para os desafios. O que une de fato os vários profissionais é a responsabilidade social pela formação de uma sociedade melhor. Em psicologia escolar, se caminhando para a construção de um novo papel, mais coeso, mais flexível, com visão mais ampla e aprofundada sobre a educação, por meio de uma prática integrada, interdisciplinar, interativa e coletiva. Meira, Antunes, et al. (2003, p.116), afirmam que: O pedagogo já há tempo assumiu o papel de formador, cabe ao psicólogo consolidar a incorporação desse elemento a sua identidade profissional. A integração de ambos, no trabalho coletivo, é propicia para essa transformação. O ato de aprender e ensinar são marcados por desejos dos sujeitos nele envolvido, pelas teorias e práticas educativas referentes a esse ato, e é nas relações desses sujeitos com seus desejos e nas suas inter-relações, dadas a partir de um contexto social, em que ambos, psicólogos e pedagogos, podem debruçar-se como educadores.
Mediante as elaborações lançadas acima podemos observar que a aliança entre Educação e Psicologia é incontestável e bastante antiga, não tendo sido preciso esperar o momento recente da constituição da Psicologia como ciência independente da grande mãe, a Filosofia, para buscar respostas sobre como se aprende, quem é o sujeito da aprendizagem, como se deve ensinar, levando em conta as características psicológicas dos alunos, se é ou não válido aplicar punições e prêmios, qual é a importância da informação no desenvolvimento humano, em que consiste o ato de comunicação, o que interessa e dá prazer ao aluno quanto ao aprendizado escolar.
Essa ciência  estuda o complexo processo pelo qual as formas de pensar e os conhecimentos existentes numa sociedade são absorvidos pelo Ser Humano, desde a mais tenra idade. Para se entender esse processo é necessário reconhecer a natureza social da aprendizagem. Ela nos fornece  uma série de estratégias, instrumentos e recursos para que o professor possa manejar o seu ato pedagógico, fazendo a figura de mediador. Mediar é intermediar entre o conhecimento, sistematizado, organizado, patrimônio da humanidade, e o ser que está diante do professor, que é o aluno.
Percebamos então que a psicologia educacional em sua trajetória concentra seus estudos e esforços cada vez mais  em uma concepção que seja centralizada nas relações sociais que ocorrem dentro e no entorno da escola, seguindo rumo ao delineamento de investigações e práticas que visam não só ao entendimento da complexidade do fenômeno educacional, mas também à superação de problemas. Tudo e todos devem ser investigados,  contexto e as relações escola-família, coordenação-professores, alunos-professores, professores-professores, alunos-alunos, pais-alunos, pais-professores etc, objetivando uma analise o mais fiel possível da realidade para que de fato se atinja a superação de problemas latentes que venha atrapalhando e interferindo no percurso da aprendizagem.


Referência Bibliográfica

HEIN, Ana Catarina Angeloni (org.) História e Educação: diálogo político, econômico, social, cultural e epistemológico. Pearson Education do Brasil,,2014.

MEIRA, Marisa Eugênio Melillo; Antunes, Mitsuko Aparecida Makino (orgs.). São Paulo: Casa do Psicólogo, 2 ed., 2003.

MIALARET, Gaston. Psicologia da Educação. Coleção: Epigênese, Desenvolvimento e Psicologia. Ed. Instituto Piaget. Lisboa, 1999.








segunda-feira, 20 de março de 2017

AS POLÍTICAS HIGIENISTAS NA EDUCAÇÃO


A PSICOLOGIA NA EDUCAÇÃO NO INICIO DO SÉCULO XX




 Este estudo nos remete a época histórica em que a psicologia entre com o recurso de teste de inteligência  no cotidiano da escola com influencia de políticas higienistas. A influência de políticas higienistas teve início, no Brasil, no fim do século XIX e início do XX, visto que este tinha como objetivo uma modificação no comportamento da população brasileira.  Quando esta corrente filosófica falava em intervenção da educação e da saúde, queriam um povo mais saudável e uma educação democratizada. No Brasil na década de 20 surge um novo ângulo para pensar o país a partir da crise oligárquica e da decepção quanto à possibilidade da República realizar o ideal de uma sociedade nova.  Neste momento inauguram a gênese do Brasil Moderno e introduzem procedimentos, hábitos, visões, questionamentos inéditos, que mobilizam várias gerações, trazem à tona novos atores e a problemática dos direitos e da participação social. Nesse momento, no sistema de ensino, diversas correntes pedagógicas estavam latentes, havia influencia de  diversos pensadores, rumo a escola novista, um dos grandes influenciadores foi John Dewey,no Brasil ocorrendo manifestos que  expunham  suas  teses. Em fevereiro de 1932, Lourenço Filho, ao prefaciar o livro A Escola e a Formação da Mentalidade Popular no Brasil de Estevão Pinto, professor da Escola Normal de Pernambuco, enfatiza a proposta de Dewey para a pedagogia ativa da “educação pela ação”. Com uma grande diversidade de novas práticas e ideias pedagógicas buscando a efetivação da escola nova, e a força da políticas higienistas  a educação acolheu iniciativas favoráveis à utilização de testes mentais nas escolas. O teste mais relevante naquele momento era o de Binet-Terman, que media o nível de inteligência intelectual do aluno. Os testes eram importantes para criar uma escala de nível mental que auxiliaria na seleção dos alunos de diversas idades, servindo para a formação de classes homogêneas do ponto de vista intelectual, pois não seria possível submeter ao mesmo plano de aula alunos de capacidade mental diversa. Vamos partir da citação abaixo para perceber melhor a questão histórica na filosofia higienistas.

A higiene, de maneira geral, entendia que a desorganização social e o mau funcionamento da sociedade eram as causas das doenças, cabendo à Medicina refletir e atuar sobre seus componentes naturais, urbanísticos e institucionais, visando neutralizar todo perigo possível. Tornou-se “ciência social”, integrando a Estatística, a Geografia, a Demografia, a Topografia; tornou-se instrumento de planejamento urbano: as grandes transformações na cidade foram, desde então, justificadas como questão de saúde; tornou-se analista das instituições; transformou o hospital em “máquina de curar”; criou o hospício como enclausuramento disciplinar do doente mental; inaugurou o espaço da hegemonia da clínica, condenando formas alternativas de cura; ofereceu um modelo de transformação à prisão e de formação à escola. Iniciou, enfim, a trabalhosa conquista profissional, técnica, exclusiva do poder da cura e do controle sobre a doença, rotulando as eventuais resistências e os saberes alternativos de cegueira política, ignorância do povo, má-fé dos charlatães (Costa, s/d, p. 10-11).

 A citação nos mostra o sentimento  de forma geral, nas reformas da década de 1920, o aporte psicológico está presente nos fundamentos teóricos com forte influência da concepção funcionalista de adaptação e ajustamento do comportamento humano e cognição com função prática e utilitária; na concepção de infância, com destaque para a psicologia do desenvolvimento, psicologia do ato, testes de maturidade, psicologia das diferenças e orientação vocacional; na natureza do currículo; nas técnicas de ensino, com ênfase na escola ativa, integral, focada no trabalho e no meio social produtivo, portanto, a escola, sendo um  ambiente de ensino e também da higiene, deveria estar orientada para a defesa social contra as patologias, a pobreza e o vício. Os educadores eram, desta forma, iniciados na ciência da Psicologia. “Escolas de Aperfeiçoamento” ofereciam cursos de Psicologia para aperfeiçoamento de professoras primárias nos quais se obtinham noções de Psicologia Experimental e de Psicologia da Criança, e faziam pesquisas de campo com os alunos das escolas primárias para conhecerem as condições psíquicas das classes dentro de uma escola. Terminando o curso, recebiam a denominação de “pedagogo especialista”. Os higienistas queriam mostrar o quanto à escola poderia contribuir para a profilaxia da higiene mental, começando a preparar os professores para um novo sistema educacional que estabelecia a Psicologia como base de ação. Os processos pedagógicos não serviam mais só para transmitir informações, mas tinham, também, o propósito de formar pessoas que vivessem bem socialmente. Na escola se deveriam formar homens, orientando-os para uma profissão adequada, sem vícios e sem patologias mentais, para que pudessem viver em equilíbrio psíquico no meio social. O aluno era o objeto por excelência da higiene mental, sendo que na fase pré-escolar seria mais fácil os professores passarem hábitos sadios a eles. Além disso, a escola era considerada um lugar onde se encontra todo tipo de anormalidade, como os “alunos-problemas", os “alunos com dificuldade de aprendizagem”, os “alunos lerdinhos”. Na fase pré-escolar o aluno estava formando sua personalidade, e qualquer desvio nessa fase o tornaria um adulto inabilitado socialmente. Cabia ao educador ter noção de que a educação não era mais só um processo de transmitir conhecimento ao aluno. Educar era formar cidadãos sadios para o país, já que um indivíduo integrado pela educação racional nas suas correlações vitais com o meio, torna-se um ser social capaz (...) contribuinte ao patrimônio da raça humana “(Braga, 1931, p. 15-16).
Podemos observar que essas reformas de ideais e metodologias trilhava para alterar as posturas do educador, a natureza do currículo, a noção de aprendizagem, os métodos e técnicas de ensinar-aprender; enfim, procura-se reconstruir todo o aspecto interno das instituições escolares.
 Antunes (2005) destaca a organização do trabalho e o atendimento clínico nos Serviços de Orientação Infantil. Junto ao ideal de escola nova, as teorias e técnicas da Psicologia, de forma articulada às demandas do entusiasmo pela escolarização e ao projeto de modernização do país, desenvolvem-se no campo educativo na forma de técnicas que instrumentalizam a prática pedagógica, enfatizando o indivíduo e as diferenças individuais, a mensuração e quantificação, a avaliação e seleção, a modelação do comportamento e vinculação estreita com o mundo do trabalho. “O tripé Educação-Trabalho-Psicologia fazia-se necessário para o processo de industrialização massiva que se planejava para a sociedade brasileira” (ANTUNES, 2005, p. 67).
Os ideais da psicologia na época era de oferecer subsídios para que o individuo ampliasse suas capacidades, nesse sentido os testes tinham uma vertente positiva, mas em contraponto havia questões classificatórias que podia trazer rótulos, mais uma questão para a Educação e Psicologia atuarem em conjunto para buscar novos caminhos.



Referências bibliográficas

ANTUNES, Mitsuko Aparecida Makino. A psicologia no Brasil: leitura histórica sobre sua constituição. 4ª ed. São Paulo: Unimarco Editora/Educ, 2005

Braga, E. (1931). Os elementos psicho-sociológicos nos programas de ensino. ABHM, Rio de Janeiro, 4(1), 3-16.

Costa, N. R. (s/d). Estado, educação e saúde: a higiene da vida cotidiana. Cadernos Cedes, São Paulo: Cortez, 4, 5-27.

HEIN, Ana Catarina Angeloni (org.) História e Educação: diálogo político, econômico, social, cultural e epistemológico. Pearson Education do Brasil,,2014
        



sábado, 11 de março de 2017

AS CONTRIBUIÇÕES FILOSÓFICAS

PENSAR UM ATO DE EVOLUÇÃO



Este é o segundo estudo ele parte da filosofia, indagando os principais questionamentos  que contribuem com a educação trazendo conceitos que facilitam novas elaborações.
Primeiramente vamos conceituar a Filosofia que,  é uma palavra grega que significa "amor à sabedoria" e consiste no estudo de problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem. Então podemos dizer que ela pode ser definida como a análise racional do significado da existência humana, individual e coletivamente, com base na compreensão do ser. Vamos ver o que nos diz Cunha: “A filosofia trata da realidade não a partir de recortes, mas do ponto de vista da totalidade”.
A visão da filosofia é de conjunto, de entendimento do problema, não de modo parcial, mas relacionando cada aspecto observado outros do contexto em que está inserido.”(CUNHA, 1992)”.
A Filosofia não faz juízos de realidade, como a ciência, mas juízos de valor. Isto significa que filosofar é ir além do que é, é buscar entender como deveria ser, julgar o valor da ação, ir em busca do significado Filosofia propriamente surge quando um pensar torna-se objeto de uma reflexão (CUNHA,1992).
Fazendo uma viagem em suas origens históricas, a filosofia surgiu na antiguidade clássico, quando alguns pensadores gregos demonstraram por meio do raciocínio lógico e sistematicamente organizado o quanto era relevante investigar e compreender criticamente a realidade. Tales de Mileto é considerado o primeiro filósofo da história, contudo, Sócrates é quem recebe o título de patrono da filosofia. Esses e outros pensadores gregos instituíram novas formas de contemplar e pensar o mundo. Sua trajetória histórica procura resposta às questões percebidas e a cada época são respondidas a partir de diferentes reflexões que constituem correntes ou escolas de pensamentos, portanto a idéia da filosofia é pensar, argumentar e questionar na direção que busca respostas, esta associada tanto ao saber teórico quanto à sabedoria prática,
manifestando-se como uma forma de entendimento que, tanto propicia a compreensão de sua existência, em termos de significado, como oferece um direcionamento para sua ação. É um campo de entendimento que, quando nos apropriamos dele, nos percebemos refletindo sobre a cotidianidade dos seres humanos. Podemos perceber então que: o ato de filosofar não é unicamente um processo individual, mas também um processo que possui uma contrapartida social; a filosofia é o meio pelo qual o homem se torna crítico, pois, é a partir do momento em que passa a pensar, refletir, analisar os conceitos da sociedade, que se vê como um membro com possibilidade de viver e de alterar o funcionamento desta.
Podemos agora retomar nosso questionamento sobre as contribuições da filosofia para educação, tendo como ponto de vista que  o ato de ensinar exige que o educador acredite na mudança, devendo escolher metodologias que proporcionem ao educando o interesse e a curiosidade pelo conhecimento, formando os educandos para atuar e intervir ativamente na realidade. O ponto de partida para refletir sobre o processo de ensino-aprendizagem no contexto educacional inclui a ideia de inacabamento do ser que toma consciência dos seus atos e assimila a capacidade de aprender, não apenas para se adaptar á realidade, mas com o anseio de reconstruí-la. Ao pensar filosoficamente, o educador foge da simplicidade, da ingenuidade e das explicações mágicas ao interpretar os problemas do cotidiano, buscando aprofundar sua análise, não se satisfazendo com as aparências, buscando a causalidade dos fatos de forma inquieta e intensa.
Devemos perceber que, a relação da filosofia com a educação existe desde o mundo grego. Os filósofos gregos, em busca da virtude humana, foram os que deram início às discussões sobre a filosofia da educação e seu sentido no mundo. Pode-se dizer que essa parceria surgiu do forte vínculo entre a filosofia e a pedagogia firmado no decorrer dos anos, pois a filosofia, preocupada com as formas do conhecimento, orientou o homem segundo a razão, inferindo um pensamento pedagógico que busca  níveis de excelência. Esses pensamentos pedagógicos ao longo da historia nos trouxeram diversas correntes filosóficas, as quais determinam  propostas educacionais que ao longo do percurso vem se  transformando pois, o determinismo metodológico/ ideológico  está condicionado ao espaço temporal, isto é, a um momento da história do ser humano e sua concepção de mundo dentro desse espaço.
     O diagrama histórico de ensinamentos  filosóficos começando pelo sofismo, e andando nesse diagrama histórico de muita sabedoria passamos por Platão, Sócrates,
Aristóteles; uma parada na contribuição de Kant que indaga:
» O que posso saber? (teoria do conhecimento ou epistemologia)
» O que devo fazer? (teoria do agir ético )
» O que me é permitido esperar? (filosofia da religião)
» O que é o homem? (antropologia filosófica)
Percebamos então que os questionamentos acima são valiosíssimas contribuições que permitem a educação sempre avaliar e reavaliar, pensar e repensar, suas bases filosóficas rumo a uma práxis de excelência.

Referência Bibliográfica

CUNHA, J. Auri. Filosofia; iniciação à investigação filosófica. São Paulo: Atual, 1992.
HEIN, Ana Catarina Angeloni (org.) História e Educação: diálogo político, econômico, social, cultural e epistemológico. Pearson Education do Brasil,,2014.
SÁNCHEZ VÁZQUEZ. A. Filosofia da práxis. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1968.
SAVIANI. Dermeval Educação: do senso comum à consciência filosófica. São Paulo, Autores Associados/Corlez, 1980.