VOZES FEMININAS

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

PROJETO BEM ME QUER A ALUNA QUE FUI E A PROFESSORA QUE SOU HOJE!


Em uma madrugada de insônia refletindo e reavaliando o projeto Bem me quer, o qual, foi desenvolvido nos primeiros seis meses desse ano, mergulhei em algumas pastas de minha memória que, estavam  a minha espera para que finalmente eu entendesse suas verdadeiras funções em minha trajetória. 



Um turbilhão de sentimentos e acontecimentos começaram a invadir meus pensamentos quando me encontrei na sala de aula com nove anos, sentindo novamente a emoção do primeiro amor, o nome dele  era Jonas. Eu o admirava timidamente, com certa distancia e receio. Ele enfeitava seu lápis colando um fitilho colorido em toda sua extensão. Eu ficava observando sua colagem, até que, em uma aula ao terminar a colagem de seus lápis, ele se virou na minha direção me presenteando com o lápis. Foi o melhor presente que havia recebido até então. Ao pegar o lápis sabia que jamais o usaria, ficaria guardado para sempre! Ah! Jonas o primeiro amor! A partir desse momento tudo era muito mágico na escola, até superei o constrangimento quando a professora a realizar um ditado falou a palavra refrigerante e eu não consegui escrevê-la, a professora ditou mais umas três ou quatro vezes silabando a palavra, mas, mesmo assim não consegui escrevê-la. Conclusão. A professora sugeriu que eu pulasse e palavra e seguisse, mas nessas alturas já estava muito nervosa e perdi todo o ditado. Lembro-me muito bem de sua boca silabando RE – FRI - GE – RAN – TE, até hoje penso para escrever a palavra.    
Continuei meu mergulho e fiz mais uma parada um pouco mais longa no antigo ginásio na sétima e oitava série. Como participante do coral da escola, os ensaios eram o que mais me encantava, pois, a minha imaginação voava livre ao ver a professora tocando seu violão e cantando “Andanças” ela sempre esboça um sorriso quando cantava a frase “meu namorado é rei, nas lendas o caminho” , como desejava saber o que ela lembrava, devia ser algo muito bom, pois contagiava todos deixando o ambiente maravilhoso! Ah! No ensaio que ela não cantava essa música, por muitas vezes eu pedia que no final do ensaio ela cantasse, meus pedidos eram sempre atendidos, voltava para casa flutuando.
Já o professor de língua portuguesa era incansável em suas tentativas para nos despertar a paixão pela língua portuguesa, ele morava sozinho, eu achava que ele era muito solitário, mas, na verdade ele sempre estava bem acompanhado pela sua grande paixão. Os livros. Certa vez quando ele pediu um trabalho sobre a poluição, fiz uma paródia com a música de Caymmi “O mar quando quebra na praia é poluído, poluído”.Ele achou o máximo! Na época não entendi muito bem o seu grande entusiasmo.
A professora de matemática a famosa Sonia Ruth era completamente inusitada em sua maneira de explicar aquelas longas equações e dava certo, mas, comigo não funcionava muito, resultado, fiquei para recuperação. Nesse momento estava namorando um estudante de engenharia que dava aulas de matemática. Foi minha salvação! Sempre gostei de rapazes mais velhos e ele tinha muita seriedade na hora das explicações.
Ah! O ensino médio! Esse período foi uma verdadeira dança das cadeiras com muitas festas e namoros. Fiz o primeiro ano nessa mesma escola depois, resolvi fazer o técnico fui para o magistério,  química e terminei no secretariado que tinha muito ibope. Ai! As aulas de matemática do professor Pinheirinho sempre eram as  ultimas e, as de sexta-feira eram difíceis de assisti-las até o final, mesmo quando eu queria, pois sempre aparecia uma amiga na porta dizendo: - O Malte 90 acabou de chegar. Meu namorado trabalhava na Brahma e me buscava na escola com o carro da empresa e a escrita da cerveja e malte 90 era o lançamento de uma nova cerveja e este adesivo era bem chamativo. Tanto era que em uma sexta-feira ao tentar sair bem discretamente da aula do Pinheirinho no momento em que ele escrevia na lousa, sem se virar ele falou:- O Malte 90 pode esperar um pouquinho! Uma gargalhada geral... Ele era muito fofo e esperto! Agora o professor de estatística eu me apaixonei. Deixava diversos bilhetinhos no pára-brisa de seu carro, mas, ele fingia não perceber, sua ética impedia. Depois que terminei o curso tivemos um breve namoro.
Sempre fui uma aluna coluna do meio, é isso mesmo, sentava sempre no meu da sala, porque queria estar antenada em tudo, assim podia participar das aulas e perceber toda a criatividade que acontecia na sala.
Também na universidade tive uma dança das cadeiras, comecei a fazer Direito, mas, não conclui o primeiro ano, era muita formalidade inibia minha criatividade. Aproveitei o final desse ano para pensar muito que rumo tomar. Sem muita empolgação foi para a pedagogia, pois, a cenas que guardará do magistério eram no mínimo estranha, uma delas era observar uma mulher tricotando em sala de aula, nada contra o tricô, mais todo o contexto não me parecia ser um curso idôneo. Comecei a ter surpresas agradáveis nas aulas. As aulas de filosofia eram um show e a professora então, era de uma elegância admirável. E a vanguarda da professora Fanny, com as estratégias de ensino, usando os recicláveis que, só se tornariam completamente moda anos depois.
No segundo ano na universidade conheci um homem muito importante, não foi o amor da minha vida, mas, me deu um presente divino, a grande magia de ser mãe!
Comecei a lecionar no Estado, ainda como estudante, fui literalmente atirada em uma sala de quinta série no segundo semestre do ano letivo para lecionar matemática, naquela época, há 22 anos atrás, na falta do especialista da área, o pedagogo podia assumir as aulas.
Podem ter certeza, meu medo era bem maior do que os que eu poderia causar em  todos juntos. Ali comecei a me reconhecer. Nem imaginava que naquela sala começaria uma construção profissional e pessoal tão intensa, percebo isso hoje, minha vocação sempre foi tão natural que, eu mesma nunca me deu conta de sua intensidade, talvez porque minha vida acadêmica e profissional definiu muitas coisas na minha trajetória de vida. Sempre com muita intensidade, surpresas  e paixões que, criaram aprendizados, laços de amizade e diversos encontros com o universo existente em cada Ser Humano. Já foi cada um de meus professores juntos e misturados, acertando, errando, aprendendo e me emocionando muito.
Ah! Que sentimentos contagiantes são esses! Que nunca me deixaram sair da escola. Continuo estudando outra graduação, algumas pós – graduações e diversos cursos que me renovam e me reciclam a cada instante.  Hoje sua uma professora que acredita que a renovação da Educação deve partir do entusiasmo e a utilização das tecnologias para, que a mágica tal como, o encantador de serpentes faça os olhos de cada aluno brilhar e sonhar sempre. Sem contar com a bagagem depositada por todas as pessoas e alunos que, passaram e ainda vão passar pela minha trajetória.
A educação é surpreendente na minha vida mesmo! Há 16 anos atrás por um erro burocrático perdi minha sala de educação especial que tinha no Estado, neste mesmo momento começará um namoro com um advogado, o qual usou seus brilhantes conhecimentos para minha defesa. Não sabia que rumo esse namoro  tomaria, tinha algumas dúvidas, mas, fui levando, já que ele era meu advogado também! Resultado! Quando ele ganhou meu mandato de segurança já estávamos completamente apaixonados e casados como até hoje, meu amor de vida e de alma!

Voltando agora para minha autoavaliação do projeto, faço um paralelo com as emoções de uma grande paixão! Queremos que tudo sempre seja envolvido pelo perfume das rosas, esquecendo de seus espinhos. E quando nos ferimos, mesmo que por poucos segundos, sentimos uma dor inesperada. Foi assim, ao perceber que, não atingi 100% dos alunos. Como diz minha Orientadora e amiga Vera Rodrigues, não podemos jamais perder a poesia. Então, após esse impacto com sensações das lutas travadas por Dom Quixote com seus moinhos,  encaro o deleite de minhas pretensões! E que pretensões! Almejar atingir a totalidade da sala, mas, na minha concepção de  professora, ser pretensiosa, não é arrogância, ela pode transformar a escola, preservar a criatividade, o humor, elevar a autoestima coletiva, qualificar o aprendizado e  conquistar as mais belas, melhores, e inesquecíveis paixões. 

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

EDUCAÇÃO INFANTIL: ABORDAGENS CURRICULARES

Ao iniciar a leitura de Maévi Anabel Nono, que é da UNESP – Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas Departamento de Educação São José do Rio Preto, em seu texto Currículo na Educação Infantil, http://www.acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/284/1/01d13t01.pdf  logo em sua primeira página quando ele destaca a fala de Anelise Monteiro do Nascimento,  me chama a atenção seu destaque sobre o protagonismo da criança na educação infantil. Refletindo sobre esse protagonismo acredito que a instituição escola deve dedicar alguns momentos nos seus horários de planejamento para, de fato, discutir o que significa etimologicamente o protagonismo dentro da rotina da escola, pois,  ele é fundamental para que a escola incorpore a nova sociedade do conhecimento nas praticas pedagógicas diárias e, o protagonismo se torne pré-requisito na construção do projeto político pedagógico dessa escola, como uma mola que impulsiona os níveis de excelência.
Um bom começo para essas discussões poderá ter como ponto de partida a Resolução CNE/CBE n. 5, de 17 de dezembro de 2009, em seu Art. 8º, que trata da proposta pedagógica das instituições, destaco :

“§ 1º IV - o estabelecimento de uma relação efetiva com a comunidade local e de mecanismos que garantam a gestão democrática e a consideração dos saberes da comunidade;”

A partir do momento que a instituição escola tiver essa concepção enraizada em seus pilares, se tornará muito mais simples esse protagonismo em toda a extensão do (PPP) de cada escola.
Complementando esse circuito de discussões e estudos nos momentos de planejamento coletivo o  Art. 9º, pode fornecer elementos consistentes para a sociedade do conhecimento muito discutida por Nóvoa http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/685/1/21205_ce.pdf , destaco:

“XII - possibilitem a utilização de gravadores, projetores, computadores, máquinas fotográficas, e outros recursos tecnológicos e midiáticos”.

Pois quando os conhecimentos prévios das crianças no que se refere à tecnologia, são utilizados nas questões formais do conhecimento, as elaborações de cada um e de todos podem atingir novos e melhores índices de aprendizado.